Memórias Literárias - Rafaela 6ªC

De Codó a São Paulo

O nome da minha entrevistada é Maria de Conceição da Silva e ela tem 69 anos. Nasceu no dia 31 de maio de 1941. Quando pergunto a ela um fato marcante em sua vida, emocionada, ela me responde:
“O fato mais marcante em minha vida foi a morte da minha mãe. Assim que nasci, minha mãe já estava morta. Ela morreu no parto, porque não agüentou a dor.”
Pergunto a ela por que isso foi tão marcante assim e ela me responde:
“Pelo fato de que eu não a conheci. Eu ficava mais triste quando chegava o dia das mães, porque todas as minhas amigas davam presentes para as suas e só eu dava para minha avó. Foi ela quem me criou. Eu nunca tive inveja das minhas amigas por elas terem mães. Para mim, a minha avó também era minha mãe, apesar de ela ter me criado só até os meus 5 anos de idade. Depois, quem me criou foi a minha tia, que me maltratava fisicamente.
Quando completei 15 anos, saí da casa dessa minha tia. Trabalhei na roça, fui pescadora, lavei roupas dos outros e já fui agricultora. E foi na agricultura que tudo começou. Conheci o meu marido, com 25 anos. Ele já tinha 30. Um ano depois de estarmos juntos, descobri que estava grávida da minha primeira filha, que hoje mora aqui em São Paulo, o lugar onde vivo também. No total, tive sete filhos. Três nasceram mortos e quatro estão vivos até hoje.”
Perguntei para ela se poderia me emprestar algum objeto pessoal, marcante em sua vida, e ela me disse:
“Não tenho nenhum objeto, porque todos ficaram em minha cidade, Codó.”
Pergunto a ela se está gostando de São Paulo. E a diferença entre aqui e lá:
“Eu estou gostando muito de São Paulo. A diferença entre Codó e São Paulo é que aqui é bem mais agitado. Minha cidadezinha é pacata, parada totalmente, aqui não. Aqui eu saio e só tenho que ter cuidado com carros e motos. Outra diferença: aqui é frio, calor, úmido, ou seja, aqui não tem clima e lá é só calor o tempo inteiro”.

(Texto de Rafaela Reis Diniz, da 6ª C, baseado no depoimento de Maria de Conceição de Tavares, de 69 anos)