Crônicas - Fernanda 8ªA

O que acontecerá depois?

Crônica... Como escrever uma? Boa pergunta... Pra mim, a crônica deve falar de algo que achamos importante. Não precisa ser algo grandioso, pois, às vezes, as pequenas coisas é que merecem ser gravadas na eternidade, ou pelo menos durante o tempo em que forem verdadeiramente importantes.
No lugar onde vivo, São Paulo, acontecem coisas terríveis, incríveis, aterrorizantes, como o leitor desta crônica poderá perceber.
Alguns poderão achar que o fato exposto a seguir é de mínima importância, mas ao vê-lo, pensei em tantas coisas, que achei que ele merecia ser escrito.
Estava assistindo televisão, quando a notícia passou... “Mais uma pessoa é vítima do frio em São Paulo...”. Vocês devem estar se perguntando: “E o Kiko?”, mas se pensarem e imaginarem o que eu imaginei, entenderão.
Se nós nos colocarmos no lugar dessa pessoa e tentarmos imaginar a sua vida, entenderemos o que ela passou. A fome, a humilhação... Quantas vezes ela não teve que brigar pelo pão adormecido de cada dia?
Como será que essa pessoa chegou a esse ponto? Será que ela nasceu aqui em São Paulo? Será que ela veio de outro Estado? O que será que aconteceu com ela? E o que será que acontecerá após a sua morte?
Esta última pergunta tomou a minha mente. Logo, lembrei-me do livro que li nas férias, “As crônicas de Nárnia”. O último capítulo fala da morte, do fim e do “Paraíso”. Nesse livro, as personagens chamam de “País de Aslam”, o lugar para onde as pessoas vão quando a história chega ao fim, para a verdadeira história começar.
Pensei em para onde ela iria e se tinha sido boa ou má. Caso tivesse sido boa, iria para o “País de Aslam” e seria feliz, não sentiria fome, sede ou frio e faria o que milhões de pessoas querem: conheceria Jesus. Caso tivesse sido má, parte do que fez já teria sido paga em vida e essa seria uma das explicações de sua provável vida sofrida. A outra parte seria paga no lugar de que todos têm medo. Porém, como todos têm direito a uma segunda chance, talvez essa pessoa também tivesse.
Lembrei-me dos moradores de rua que vivem perto da minha casa e pensei no que teria acontecido com eles. O pior é que, para a maioria das pessoas, é como se eles não existissem. Caso tivessem morrido nessa fria noite, talvez ninguém notasse sua falta. Alguns desses moradores de rua têm filhos e, se algo acontecesse com eles, o que seria de sua prole? Ficaria jogada no mundo e também morreria, como os pais? E os filhos dos filhos? Esse ciclo continuaria até alguém tomar uma atitude, ou as crianças viveriam sem orientação, pra depois morrerem e as pessoas falarem que elas não lutaram e nem tentaram o suficiente?
O lugar onde eu vivo, São Paulo, sofre, muitas vezes, com o grande frio e essa pessoa morreu por não conseguir se aquecer o suficiente!
Pobre pessoa, pobres pessoas. Não sei como serão seus enterros, mas espero que tenham o que merecem e que, se foram pessoas humildes em vida, sejam felizes, para onde quer que forem...